Hoje iniciou-se o Digital Age 2.0, evento de dois dias, promovido pelo Now! Digital Business. O evento propõe discutir a inserção do mundo corporativo nas redes sociais. Que o mundo hoje está hiper concetado ninguém duvida. O Facebook com seus 500 milhões de usuários seria o 3o. maior país do mundo em população. E o nosso Brasil é hoje o país # 1 do mundo em participação nas redes sociais (cada internauta brasileiro tem em média 360 amigos nas redes sociais, contra uma média mundial de 190). Porém, 70% do público nas redes sociais não posta, é simplesmente passivo. Então, a questão que se coloca é: como o mundo corporativo pode entrar nesse universo ainda desconhecido e perigoso, sem riscos para sua marca e, sempre que possível, fazendo brand building?
Eu participei do primeiro dia do Digital Age 2.0, quando o “filé mignon” dos guest speakers se apresentaram. Dentre outros, participaram o Brian Solis (guru da social media e autor do livro Engage), Clara Shih (CEO da Hearsay Labs e autora do livro Facebook Era), o Marcelo Tripoli (CEO da iThink), o Guy Kavasaki (outro guru de social media e CEO da Garage Technology Ventures), entre outros. Na parte da tarde houve também um painel de debates muito interessante sobre “O Melhor Modelo de Negócios para a Comunicação Digital” (participaram a Malu Lopez da Unilever, a Monica de Carvalho da DM9 e a Gal Barradas da F.biz). Eu assisti a tudo, menos ao Guy kawasaki (sua video conferência atrasou muito) e compartilho abaixo os principais insights do dia de hoje.
Brian Solis: “O lado social das marcas corporativas”
O Brian acha que as redes sociais são tão importantes para o mundo corporativo que no futuro (próximo) o CEO será o Chief Editorial Officer. O principal ponto do Brian foi chamar nossa atenção para o fato de que “nas redes sociais a audiência também tem sua audiência”. A principal implicação desse fato é que que a audiência das redes sociais é ávida por conteúdos relevantes. Por essa razão, as campanhas nas redes sociais não podem ser pontuais. É fundamental que as campanhas sejam contínuas, acostumando a audiência a ver a empresa como uma provedora de conteúdos de valor.
Outra consideração interessante. Nas redes sociais, mais importante do que a tecnologia (das plataformas), é a a sociologia (relacionamento) e a psicologia (entender os interesses), para ser bem aceito pelo público. Nas redes sociais as empresas são valorizadas pelo que sabem e pelo que compartilham (disposição para aceitar os remixes e as opiniões, mesmo que contrárias a nossos interesses), e nem tanto pelo que simplesmente comunicam (aquilo que apenas informamos).
Me chamou particularmente a atenção uma frase do Brian: “nas redes sociais a contextualização é mais importante do que o próprio conteúdo”. Por isso ele quiz dizer que, mesmo os conteúdos mais ricos, se tornam inexpressivos se não se referem ao contexto do público. Ou seja, nas redes sociais é preciso relacionar o conteúdo ao interesse da audiência para conseguir o tão almejado engagement do público, o que fará nosso conteúdo ser disseminado.
O Brian nos lembrou que nas redes sociais o público pode ter vários papéis (cliente, influenciador, decision maker, gerador de idéias, advogado, consultor e até adversário). Qual desses papéis esse público assumirá depende eminentemente de nossa capacidade de contextualização, ou seja, o motor que movimenta os conteúdos pelas redes sociais é a empatia!
Clara Shih: “Os negócios na era do Facebook”
A Clara é a guru do uso corporativo do Facebook. Ela propõe que as empresas transformem o Facebook numa espécie de Social CRM. Ela propõe que empresas SMB migrem seus web sites para o Facebook, o que os tornaria interativos e visíveis ao público-alvo. A Clara sugere que as redes sociais são tão importantes que deveriam ser consideradas o “capital social da empresa”.
Embora a Clara tenha grande foco no Facebook, ela defende o uso das diversas plataformas sociais pelo mundo corporativo. Durante sua apresentação ela nos mostrou cinco cases de uso da social media em negócios. São cases simples, mas muito interessantes.
- Uso do Twitter como crowdsourced customer relations. A Comcast (sistemas de cabeamento para Internet) utiliza o Twitter para responder às questões dos consumidores apoiando-se nas tuitadas de outros consumidores (retuites). Dessa forma, os consumidores resolvem suas principais questões entre sí, tendo a empresa como uma mediadora qualificada. Vale a pena acompanhar a situação real onde um consumidor, tendo desistido de tentar o customer services por telefone da Comcast, resolveu tuitar dizendo “eu odeio a Comcast”. Para sua surpresa, a partir daí seu problema começou a ser resolvido. Leia mais.
- Anúncios dirigidos via Facebook. O FB permite que, ao se publicar um anúncio em suas páginas, se qualifique o perfil do público-alvo (idade, sexo, região, interesses, etc). Dessa maneira, é possível fazer uma campanha segmentada (targeted ads), dirigida apenas ao público com o perfil qualificado. Pessoas fora do perfil simplesmente não vêem a campanha. O tema ainda é controverso e merece reflexões.
- Pequenos negócios movendo seus web sites para o Facebook. Tem a vantagem da proximidade com os clientes-alvo, facilitando o engagement através dos targeted ads. A Rede Trump de Hotéis é um case de site que mudou para o FB. O case é interessante e vale a pena ser olhado.
- Social Media as a Service. Quando os canais sociais são utilizados para divulgar a oferta da empresa, fazer promoções e até para entrar pedidos. Um caso interessante é o da Pizza Hut vendendo pizza pelo FB.
- Branded Social Games. Jogos, tipo Farmville, trazem propagandas embed. A General Mills é um bom exemplo. A empresa está promovendo seus produtos orgânicos, permitindo que os jogadores de Farmville no FB plantem “blueberries orgânicos” da General Mills.
Eu comprei o livro “Facebook Era” da Clara, que é uma espécie de handbook de uso corporativo do Facebook. Por enquanto só folheei, mas me pareceu muito interessante.
Debate: “O Melhor Modelo de Negócios para a Comunicação Digital”
Como o debate foi um “pinga-fogo”, direcionado pelas perguntas do moderador e do público, reproduzo abaixo as principais questões e as respostas que mais me chamaram a atenção.
P: Que tipo de apoio as empresas mais demandam das agências de comunicação digital?
R: Mais do que campanhas, os clientes precisam de consultoria para entender os canais digitais e o contexto de mercado. Hoje o anunciante ainda não está preparado para comprar, embora a evolução ocorra rapidamente.
P: Como devem se posicionar as agências:
R: Mais do que como fornecedoras, devem se posicionar como parceiras de seus clientes e até de seus concorrentes, já que os serviços ainda estão muito pulverizados.
P: Qual o segredo de uma campanha social media de sucesso?
R: 30% de criatividade e 70% de monitoramento.
P: As agências devem ser multi-serviços?
R: Devem oferecer tudo, mas com hubs para áreas especializadas, onde sub-contratam com parceiros (exemplo: searching – SEO).
P: As agências dizem que podem fazer tudo?
R: Muitas vezes sim, o que leva a frustrações na entrega e descrédito para um canal ainda incipiente (social media).
P: O anunciante está capacitado a comprar campanhas digitais?
R: Na maioria das vezes não. Existe uma enorme demanda por educação e cultura em social media.
P: Agências full service levam vantagem?
R: Na verdade ainda não existem agências full service; existem isso sim portfólios full service.
Marcelo Tripoli: “Novo trend – brand content e brand utility”
O Marcelo abordou a questão da importância da mensagem, versus a utilidade na comunicação digital. De cara, ele passa a régua pontuando que “hoje é tudo digital”. O adjetivo digital não se aplica mais e dessa forma, todas as suas considerações passam a ser gerais, ou seja, ele acha que apenas uma mensagem criativa e clara não é mais suficiente para o sucesso de uma campanha. Isso porque, os canais digitais tornaram o público mais exigente. Como consequência, as empresa devem adotar uma atitude social media”, começando pelo CEO. Isso porque o consumidor já age com comportamentos social media (as pessoas estão conectadas todo o tempo), queira a empresa ou não.
Essa mudança de comportamento faz com que a simples reformulação de uma mensagem do offline para o digital não funciona. Toda estratégia de comunicação bem sucedida a partir de agora deve ter um “viés de social media”. O Marcelo explica melhor a falência da estratégia de sucesso da mídia offline nos dias atuais.
Na mídia offline o segredo do sucesso sempre foi a mensagem (criativa), já que os produtos comoditizados não mais embutem diferenciações em sí. Ou seja, na mídia offline existe um abismo entre o produto e a mensagem. Se o consumidor é passivo, a mensagem criativa e clara pode até fazer sua cabeça, mas no mundo digital e conectado isso não funciona. Essa desconexão entre produto e mensagem gera reações negativas, e muitas vezes violentas, na redes sociais. A mídia digital deve funcionar como uma ponte entre produto e mensagem.
No ambiente digital as mensagens precisam ser tangibilizadas pelo público. Um bom exemplo é o “Pizza Tracker” da Domino’s Pizza. Através do Pizza Tracker a Domino’s não apenas oferece e vende pizzas, mas permite que o cliente acompanhe seu pedido online. Trata-se de um exemplo de brand utility, onde a marca presta um serviço ao cliente.
Outro bom exemplo é o Twelpforce,o novo serviço de helpdesk da Best Buy. Através do Twitter a Best Buy encoraja seus empregados a se envolverem com as demandas online dos clientes e mesmo com as promoções. Os funcionários ganham créditos pelos serviços prestados e os clientes adoram.
Em qualquer dos casos, o canal digital vai além da simples comunicação, oferecendo uma “experiência de valor” para seus clientes.
Tradicionalmente, a mídia offline ajuda as empresas a vender. Já a mídia digital, não apenas ajuda a vender, como também ajuda no relacionamento e no uso dos produtos e serviços. Sem essa prestação de serviço embed a mídia digital perde sua credibilidade.
PARABENS, VOCES CONSIGUIRAM PRENDER MINHA ATENÇÃO PARA LER TODO O ARTIGO,
KKKKK
DIFICIOMENTE FAÇO ISSO!
OTIMO ARTIGO!