Impotência

Essa palavrinha tem aplicações vastas e assustadoras. A mais óbvia delas, para os homens, eu vou permitir não comentar. Em seus outros sentidos, impotência significa falta de força, falta de poder para realizar uma tarefa.

sarneyQuem já não se sentiu impotente vendo seu time caindo aos pedaços frente a um adversário mais forte, ou ainda quando um pilantra lhe pede o relógio pela janela do carro lhe apontando um “tresoitão”, ou quando um cara mais jovem e sarado lhe toma impunemente sua última e definitiva paixão, ou quando o Madoff lhe explica que aquele fundo maravilhoso era apenas brincadeirinha?

Definitivamente, impotência é o mal mais antigo que aflige a humanidade e deve ter começado quando um homem das cavernas se viu frente a frente com um tigre dente de sabre, tendo à mão apenas uma pedrinha.

Hoje, a impotência mudou de rumo. Ela não é mais física, graças às armas de fogo, ao Viagra, à segurança que se pode comprar com dinheiro. A impotência mais assustadora é emocional, psicológica. Hoje eu me sinto impotente diante:

  • da tirania econômica do Estado, que compra a cumplicidade de cidadãos e empresas;
  • dos impostos escorchantes, que me tomam o salário e as economias de uma vida;
  • do trânsito mega/hiper/plus congestionado de SP;
  • da destruição da natureza, que me rouba o oxigênio;
  • das guerras estúpidas que graçam pelo mundo afora;
  • da (in)justiça brasileira;
  • da burrice que cresce e se espalha pela TV brasileira (para ser justo, do mundo todo);
  • do egoísmo estúpido do brasileiro, que joga latinha de cerveja na estrada e pneu velho no rio Tietê;
  • da empáfia das madames que frequentam a Daslu e os shoppings de luxo…

Enfim, me sinto impotente diante de toda a decadência que cerca a modernidade. Será que eu estou sendo saudosista, ou alguém mais me acompanha neste sentimento de que estamos sendo tragados por uma realidade cruel cultivada meticulosamente, século após século, por nós mesmos?

Mas, acima de tudo, me sinto absolutamente impotente e chocado, diante da corrupção brasileira, com Senado e Sarney (arghhhh!!!) à frente da onda negra.

Assistam ao video comovente do Rolando Boldrin e derramem uma lágrima com ele. Ou relaxem e gozem, que talvez seja mesmo a melhor saída (viva a Marta).

Uma consideração sobre “Impotência”

  1. Lembro bem a sensação de impotência. Também lembro de querer ser parte da solução, de fazer meu papel, de me esforçar para não perder a capacidade de indignação… um dia surgiu a possibilidade de sair do país e, por um tempo, me senti culpada por estar tão aliviada. Não me sinto mais assim, ainda que gostaria de um dia sentir orgulho do Brasil, deve ser bacana sentir orgulho do seu país de origem.

    Sabe o que é irônico e triste? Umas das coisas que me incomodavam aqui na Europa era o falso esteriótipo da mulher brasileira, sempre sendo considerada vadia ou prostituta. Na prática, nunca sofri diretamente esse tipo de assédio e estou totalmente preparada para responder se precisar me defender. Mas descobri que é muito pior quando falam da desonestidade e corrupção brasileira (essa fama já chegou aqui), porque não sei como defender meu próprio país. É difícil para mim defender mentiras.

    Não relaxo e gozo, o mundo – e a Espanha – ainda tem muitos problemas, mas não estar presente a tanta bandalheira no Brasil fez minha vida melhor.

    Besitos

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